EXPANSÃO DE CONTORNOS

Photos by Gabi Carrera at Anita Schwartz Galeria de Arte

A transitional body that sprouts a new being and a new self. The expansion of contours gives space to the formation of life, a shared sheltering body.

Nine months lived in almost total pandemic social isolation, and the maturation of the abstract fact of knowing oneself pregnant to the concreteness of seeing the belly grow, feeling the baby's movements, changing the body's center of gravity, and living under new elasticities.

"Liana Nigri engenders profound aspects of the relationship between body and matter in her exhibition. In the last two years, the artist has brought her artistic research process closer to motherhood, conceiving a series of works that accompanied the stages of her pregnancy, recording the passage of time of a body in full mutation. The body, understood in its artistic plasticity, becomes an inspiration for creation exercises that express the expansion of the artist's contours. In one of the works, Liana drew the silhouette of her growing belly: over 9 months, always at the same angle, on the same paper surface, delicate charcoal lines emerge as markers of the form.

In the "Expansion of Contours" series, Liana produced a mold of her belly in the last month of pregnancy. From this first plaster mold, she produced porcelain pieces that received the transfer of textures and marks of the body captured by the original mold. The topography of the porcelain pieces is modified by the artist, receiving new folds and twists, in an approach to the dreamlike thought of the shell as a nest. Thus, she connects to philosophers and writers such as Gaston Bachelard and Victor Hugo, who described the well-being experienced by the space of the shell, as a poetic image of the home, understood in its primitive essence of protection and love. The idea of coziness evoked by shells is brought by the artist in her sculptures, in which the body is presented as a home, and in its power of sheltering and nurturing, shapes its form as it offers shelter to the small being that is embraced within her body.

And in the rhythm of eternal dance, between gestures and contacts, Liana Nigri's works throb with the desire to envelop everyone in the skin of the world, and inhabit its porosities, in search of refuges for our transcendence."

Excerpt from Bianca Bernardo's curatorial text for the exhibition "Gestures of Contact", 2022/2023.

Um corpo transicional que germina um novo ser e um novo eu. A expansão de contornos que dá espaço à formação da vida, um corpo abrigo compartilhado.

Nove meses vividos em quase total isolamento social pandêmico, e o amadurecimento do fato abstrato de se saber grávida à concretude de ver a barriga crescer, sentir os movimentos do bebê, mudar o centro de gravidade do corpo e viver sob novas elasticidades.

"Liana Nigri engendra aspectos profundos das relações entre corpo e matéria em sua exposição. Nos últimos dois anos, a artista aproximou o seu processo de pesquisa artística à maternidade, concebendo uma série de trabalhos que acompanharam as etapas da sua gestação, registrando a passagem do tempo de um corpo em plena mutação. O corpo, compreendido em sua plasticidade artística, torna-se inspiração para exercícios de criação que expressam a expansão dos contornos da artista. Em uma das obras, Liana desenhou a silhueta de sua barriga em crescimento: ao longo de 9 meses, sempre no mesmo ângulo, sobre a mesma superfície de papel, delicadas linhas de carvão surgem como marcadores da forma.  

Na série “Expansão de Contornos”, Liana produziu um molde da sua barriga no último mês da gravidez. A partir desse primeiro molde de gesso, produziu peças de porcelana que receberam a transferência das texturas e marcas do corpo capturadas pelo molde original. A topografia das peças de porcelana é modificada pela artista, recebendo novas dobras e torções, em uma aproximação ao pensamento onírico da concha como ninho. Conecta-se assim a filósofos e escritores como Gaston Bachelard e Victor Hugo, que descreveram o bem-estar vividos pelo espaço da concha, como uma imagem poética da casa, compreendida em sua essência primitiva de proteção e amorosidade. A ideia de aconchego que as conchas evocam são trazidas pela artista em suas esculturas, nas quais o corpo é apresentado como casa, e na sua potência de acolhimento e nutrição, modela sua forma à medida que oferece abrigo ao pequeno ser que dentro de seu corpo é abraçado.  

E no compasso de uma eterna dança, entre gestos e contatos, as obras de Liana Nigri pulsam o desejo de envolver a todos na pele do mundo, e habitar as suas porosidades, na busca de refúgios para a nossa transcendência."

Trecho retirado do texto curatorial de Bianca Bernardo para a exposição "Gestos de Contato", 2022/2023